quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A Lança


Prefácio

Jerusalém, trinta e três D.C.

     No alto do Monte Calvário, três cruzes são preparadas, porém, mas abaixo, homens são torturados, humilhados para mostrar o poder do Império Romano, entretanto tudo fazia parte de um plano maior de Demiurgo, pois, havia entrega o próprio filho em honra a nós mortais, em um mundo corrupto e podre.

     Dor, solidão, um peso de eras passadas e futuras, por nós mortais, tudo isso sobre o ombro de um único homem.

     Alguém que esteve aqui e lutou, falando de amor, companheirismo, união, honra, perdão, fazendo-nos ver que todos somos parte do criador, e mesmo assim foi traído por muitos do que andaram com ele, posso dizer melhor, os que com ele caminharam, comeram, beberam, dormiram ao seu lado, porém estes não o conheciam.

     Alguns viam o profeta, outros o mestre, porém quem via o homem? Aquele que alimentos uma multidão com cinco pães e dois peixes, que amou um amor sincero e sem orgulho.

     Mesmo assim ele caminhou por um longo caminho sofrendo com um vil criminoso, sendo seu crime dizer a verdade, unir o homem ao seu criador.

     Mais não o veja como algo maior que você e eu, ele era tão humano como qualquer um de nós, sentiu fome, medo, sede, solidão e duvida.

     Sim Christus era humano, tão humano que sangrou. Em seu suplicio ele encontrou quem lhe cuspisse a face e quem jogasse pedras nele, ainda assim encontrou forças para perdoar um ladrão.

     Mais havia depois de tanta dor era chegada à hora de que ele voltaria ao criador, assim ele morreu, porém deve seu lado trespassado por uma lança, e dele saíram sangue e água...

     O céu se escureceu e todos que ali estavam perceberam o quanto errados estavam, uns mais que os outros.

     A arma que feriu Christus se perdeu e reapareceu pelos séculos e séculos, mas seu nome nunca será esquecido, pois ela é a Lança do Destino...















Capítulo 01 – Uma Jornada de Fé e Dor

     Se os homens abrissem os olhos e vissem tudo que os cercam, com certeza ficariam loucos, eu sei bem disso, pois volta e meia, eu penso se não enlouqueci, espero realmente que a sanidade ainda não tenha me abandonado, pois mesmo perigoso eu ainda tenho muito a perder, deste muito novo fui ensinado a viver segundo as ordens do Criador, tendo a Santa Madre Igreja como sua porta voz, assim eu cresci e sempre quis saber tudo sobre Christus, sobre como ele viveu o que fez onde esteve, era uma maneira de sentir-me mais próximo com o Criador, acabei por me formar em historia e me especializar na historia do cristianismo, acabei por dar aula na faculdade de Nova York sobre o assunto, foi onde tudo começou ser eu soubesse o que me esperava será que eu teria deixado minha secretaria passar o telefonema para mim??? Duvido muito que Jeff Daniel teria desistido, ele era meu ex-professor, umas das pessoas mais inteligentes do mundo, porém não muito sábio. Deixa eu me apresentar sou Alexander Todd, sou negro, longos cabelos rastafári, um metro e oitenta, um corpo bem trabalhado com arte marcial e natação, tenho olhos castanhos com eternas olheiras que meus óculos escondem.

     - Como vai meu mais brilhante aluno?Ainda preso pelo pé ao Catolicismo? Ele perguntou, tentei levar na esportiva, mas era muito difícil ouvi-lo falar assim de minha religião.

     - Não estou preso pelo pé meu caro mestre, apenas eu tenho em que acreditar, ao contrario do senhor que vive uma vida sem fé. Minha responda foi um pouco acida, mas já estávamos acostumados com nossas maneiras, tanto que sabia a resposta dele antes mesmo que ele a houvesse dita.

     - Eu acredito em mim e na historia, os fatos nunca mentem, mas não foi para discutir religião que eu te liguei, preciso da sua ajuda em meu novo projeto e você sem sombra de duvida e a pessoa mais apaixonada pelo tema que eu conheço você é quase um fanático. Hahahahaha. Eu ainda não havia entendido o que ele estava falando, mas sabia que ele me convenceria.

     - Diga exatamente o que quer mestre que eu vejo se posso lhe ajudar... Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

     - Preciso de você para achar a Lança do Destino, tenho mapas e autorizações para escavar nos lugares que acho que está a lança. As palavras dele saíram com tanta vontade que nem por um segundo eu duvidei que ele pudesse fazer o que dizia, ele me conhecia bem mesmo, sabia que eu amava a historia de Christus e tudo que ele representa...   

     - Você tem novas informações e quer a minha ajuda para explorar o calvário? Minha emoção estaca a flor da pele, era o meu sonho.

     - Sim, tenho informações exatas que nunca ninguém teve tudo que preciso é que meu melhor aluno vá comigo e que me ajude o que me diz...

     Foi a minha vez de ficar mudo, eu não sabia o que pensar, tinha obrigações na faculdade, tinha seminários para dar e agora meu sonho estava ali na minha frente esperando que eu me lançasse numa busca insana pelo passado de Christus, e eu não poderia negar minha vontade.

     - Quando sairemos?Minhas palavras eram pura emoção, não me importava muito com o que aconteceria, eu queria estar lá.

     - Isso meu caro, sairemos no fim de semana, você tem uns dias para organizar suas coisas.

     Em três dias tudo estava pronto e eu poderia sair do país e ajudar nas escavações, logo estávamos em Jerusalém, por dias eu fiz o que qualquer turista e via cada ponto sagrado da Terra Santa e arredores, porém o trabalho me chamava e começamos as escavações, por dias ficamos muito animados, mas a animação se transformou em cansaço, nada foi encontrado, minha paciência foi acabando e por varias vezes, Jeff, usa arrogância havia sido punida com aquele fracasso, seus fundo foram se acabando e logo ele deve de partir, com nada mais que uma velha armadura, o que era um achado medíocre em vista do que viemos buscar, eu fiquei ainda queria ir visitar um colega na Jordânia, foi na noite anterior a minha ida a Jordânia que ele apareceu em meus sonhos, era um lindo anjo, com grandes asas douradas e um armadura que parecia ser feita apenas de luz.

     - Vá para o Deserto do Negueve, onde Ele te dará o que busca, mas quero que saiba que grande será o peso daquele que carrega a lança e o mundo caminharam para luz ou para as trevas tudo dependerá de tuas ações.

     Assim como eu adormeci eu acordei, eu podia sentir a paz que aquele sonho havia me dado, nada mais tinha importância, eu tinha que ir para deserto e explorar o lugar mesmo que fizesse sozinho, eu faria, não podia ligar para Jeff para dizer que um anjo havia me visitado e me dado uma localização mesmo que vaga do lugar, então eu fechei minha conta no hotel e fui, consegui um camelo e lá fui eu com pouca água, pouco dinheiro, mais cheio de fé. ”Deus proverá”. Era esta a frase que toda hora vinha a minha mente e nem por um segundo deixei de crer que estaria com a Lança em mãos antes do fim do dia, por horas percorri o deserto a esmo, sem um sinal de onde deveria cavar,a água acabou e logo a noite estava ali me acompanhando, foi quando ele voltou desta vez, não parecia tão divino, era um jovem sentado em uma pedra, mais algo nos olhos dele, me diziam que ele era o anjo que apareceu em meus sonhos, tão rápido quanto eu pude estava de joelhos aos pés do anjo.

     - Por que se lança aos meus pés? Disse o anjo, seus olhar era tão puro que não me atrevi a olhá-lo nos olhos, ele se aproximou e me levantou, seu olhar era de um amigo intimo, como se toda minha vida ele estivesse ali me acompanhando. -“Ao único que é digno de receber a honra e a gloria a força e o poder, ao Demiurgo imortal, invisível, mas real, há ele ministramos o louvor”, cave aqui e encontrará o que busca, mais sabias que ao retirar o que buscas do solo terá um peso infinito sobre o povo que nesta terra habita... Saibas que Demiurgo estará sempre convosco, e mesmo quando olhar para o lado e tudo que ver for dor, lembre-se Demiurgo não abandona os seus filhos.

     As lágrimas me cegaram momentaneamente, quando minha visão clareou, ele não, mas estava lá e tudo que me restava era um inebriante cheiro de rosas, comecei a cavar com as mãos, nada me importava senão ter a Lança em minhas mãos, às vezes penso se eu soubesse o que o futuro me reservava se teria continuado, provavelmente não...

     Arrastei-me até o hotel, minha roupas estava em frangalhos e minhas mãos em carne viva. Levei mais de dez minutos para conversar o porteiro que era um dos hospedes e outros cinco para explicar que havia sido assaltado ou agredido, consegui subir para meu quarto tomar um banho, coloquei a Lança na pia, onde conseguia ver, após terminar o banho é meu vestir percebi um homem sentado em minha cama, era loiro com os cabelos preso em uma trança, tinha belos olhos verdes, um sorriso cativante, usava um terno e uma, sobretudo completamente branco, com uma gravata vermelha.

     - Ola Escolhido de Demiurgo, venho até você para tratar de assuntos que podem destruir o mundo que tanto ama. Sua voz era doce e forte como uma vinho de boa safra, naquele momento eu soube estava perante o Primeiro Caído, O Arcanjo Sombrio, aquele era Lúcifer... – Sabes que este Artefato, vai fazê-lo um alvo de minhas Legiões, e cada ser humano ao seu redor será uma vitima em potencial? Eu lhe dou a escolha de não perder todos que conhece, basta apenas me entregar está Lança...

     Corri meus olhos pelo quarto não havia a menor chance de fugir sabia disso, ele me observava com uma expressão de bondade, juro que por pouco não fiz o que ele pediu mais me lembrei de Christus e sorri, não cairia nas mãos do Diabo assim tão fácil...

    - Para trás de mim Satanás, não cairei em suas promessas, Príncipe das Trevas, Demiurgo é comigo é nada me acontecerá.. Tinha convicção em minhas palavras e sabia da força em minha fé, ele apenas sorriu aquilo congelou meu sangue, lembrei de cada pessoa em minha vida e vi como seria fácil me destruir... – Não pode fazer nada comigo, sabe que Demiurgo me deu está missão por um propósito...

     Ele se levantou da cama lentamente, arrumou suas roupas e caminhou até a mim, de repente parou e sorriu, mas seu olhar não era para mim, olhava para algo atrás de mim, não tive coragem de me virar, mas percebi alguém se aproximando, ao passar por mim era um anjo, com alvas vestes, ele sorriu para mim, seu rosto era de um jovem e seus olhos castanhos eram brincalhões.

     - Olá meu caro irmão mais velho! Como tem andado? Ele disse, não era um Anjo, era outro Arcanjo, ele falava com Lúcifer como se fossem ainda irmão e aliados. – Uma pergunta sabes que não deveria estar aqui, certo?

     - Meu irmãozinho, eu não estou tentando matá-lo, nem poderia, mas posso falar com ele, estou apenas lhe dando uma opção que evite tanto sangue derramado... Disse Lúcifer e eu ali entre seres seculares, que viram a fundação do universo. – O que faz aqui meu irmão? E por que estas roupas tão fora de moda, até parece que vai a uma festa a fantasia?

     Não pode conter o riso, ao ver a cara do Arcanjo, ele passou as mãos na frente do traje e suas roupas viraram um terno preto com uma gravata prata, se olhou no espelho e sorriu para mim e para o irmão.

     - Se o Rei deste mundo diz que estou fora de moda quem sou eu para negar, vim aqui, pois nossos irmãos queriam saber o que está fazendo com o Escolhido, já que não pode tirar a Lança dele a força. – Vamos Lúcifer isso não deu certo com o Redentor, acha que vai dar agora?

     - Gabriel Arcanjo da Morte e da Anunciação, sabes o quanto Christus sofreu, é olhe pela janela agora, quantos ainda o seguem? Quantos se lembram de todo o amor e bondade que ele pregou? Fazem guerras em nome Dele, mata-se em nome Dele, Ele não precisava ter morrido...

     Meu sangue novamente congelou, eu estava na presença de Gabriel, as palavras de Lúcifer chegaram aos meus ouvidos e eu me peguei pensando em como era podre a humanidade, faziam o mal em nome do bem, destruíram e matavam em nome de Demiurgo e eu era parte desta podridão mesmo sem ter matado ninguém, eu me sentia sujo e omisso...

     - E uma questão de fé, sempre foi... Quando vai entender isso! Você nunca teve fé no homem, por isso se recusou a se curvar. Gabriel brilhou por um momento, tamanho era sua ira, depois voltou a parecer um jovem empresário. – Agora vamos o Escolhido precisa descansar, pois grande será o peso a carregar. Ele se voltou para mim e disse tocando meu rosto. – Espero de tenha uma grande fé meu irmãozinho, pois precisará dela...

     Eles se foram e eu adormeci não me lembro de ter me deitado, quando acordei o telefone tocava, era Jeff, ele havia achado a armadura do soldado romano e já tinha entrado em contato com o Governo de Jerusalém e dos Estados Unidos, e eu havia adormecido por uma semana, levantei tomei um banho e me preparei para partir, tínhamos um mês para estudar a lança no EUA, não poderíamos perder mais tempo, porém o que vi me paralisou, do lado de fora da janela havia dezenas quem sabe centenas de anjos e demônios parados me observando... Continuei meus afazeres sabendo que a Roda do Mundo estava girando de maneira irrefreável, arrumei minhas coisas e voltei para a América, fomos recebidos como heróis de guerra com o Governador e o Presidente, recebemos medalhas de honra ao mérito, tivemos nosso semana de celebridade, quando tive um tempo fui à igreja falar com o padre de minha paróquia, ele ficou muito feliz em me ver, havia um mês que eu não aparecia e fiz todas as minhas orações e confissões, foi quando a imagem de Christus se quebrou na minha frente, ao olhar para trás vi Lúcifer entrando na igreja, ele caminhava e as paredes pareciam envelhecer, ele me sorriu com um ar amável e inocente... O Padre ao ouvir o barulho veio ver o que havia ocorrido, não deveria ter vindo...

     - Então é aqui que você fala com o Pai? Interessante um ser de alma intocada e um líder de alma torpe... Ele caminhou até o Padre e começou a falar cada pecado que ele cometeu, o padre caiu no chão aos prantos, ele arranhava o rosto e suplicava por piedade, Lúcifer parecia se divertir com a agonia. – Veja como é sujo o homem que te guia, sabes que por sua causa muitos sofreram, não medirei esforços, só o deixarei em paz quando me entregar à lança.

     Caminhei até o padre e o abracei, e senti a tristeza dele, logo o choro dele se acalmou, olhei para Lúcifer minha raiva parece que iria me dominar, de repente vi Gabriel me observando, seu sorriso me transmitia uma grande paz, me levantei e caminhei na direção de Lúcifer, eu olhava no fundo dos seus olhos e não conseguia sentir raiva dele, m ele me parecia uma criança que se rebela para chamar a atenção dos pais.

     - Deixe-o em paz, ele não lhe fez mal algum, não lhe entregarei a lança, nem agora, nem nunca, olhe ao seu redor nada que fizer poderá destruir minha fé, Demiurgo me escolheu e você não poderá mudar isso... Minhas palavras tinham poder, por Lúcifer se virou e saiu, mas algo me disse que eu havia arrumado um inimigo muito maior que eu...

     Ao sair indo via os anjos e demônios a me observar, os demônios começaram a descer dos prédios, eles não estavam com uma cara muito amigável, tudo bem acha que deve ser muito raro ver um demônio com cara amigável, mas vocês entenderam... Espadas foram sacadas e meu petrifiquei aterrorizado, porém a legião angelical veio em minha defesa, começou uma batalha surreal, ninguém além de mim parecia ver o que estava acontecendo, os vidros da catedral tremiam com o impacto das armas, um anjo me empurrou de volta para a igreja, olhei para trás e vi demônios entrando nos corpos das pessoas, percebi que os anjos pararam de atacar os humanos que os demônios haviam possuído, eles começaram a caminhar na minha direção.

     - Fuja daqui, não podemos matar os demônios sem matar também os humanos. Gritou um anjo que estava na porta em profundo desespero, corri o máximo que pude, quando me afastei vi a igreja em chamas,meu coração doeu ao ver esta cena, mas eu não podia mais voltar, voltei ao meu apartamento, onde achei tudo revirado, sentei em minha cama e chorei, meu telefone tocou era a policial avisando que Jeff fora encontrado morto em sua casa junto com toda sua família e que a armadura que ele havia encontrado tinha sido roubada, naquele momento me senti com muito medo do que estava me esperando, a policia me avisou que mandaria dois agentes do FBI para me proteger, fiquei ali observando todo aquele caos e minha mente começou a calcular o alcance que minhas atitudes e eu não gostava nada do que estava imaginando, por que Lúcifer não me matava e pegava a lança, precisava entender aquilo, peguei a bíblia, mas não havia uma resposta sobre a situação que eu estava passando, caminhei de um lado para o outro por muito tempo implorando por resposta e nada ocorreu, Adormeci...

     Em outro lugar da cidade uma cidade um homem negro com traços mulçumanos entra em uma loja de artigos antigos, e seguiu para os fundos, onde um estranho grupo de homens usando túnicas com capuz, eles entoavam cânticos eram uma ordem Mística... A Ordem do Oriente, eles estão na presença do maior assassino da ordem, seu nome era Max “The Hunter”, ninguém sabia real nome do assassino, sabiam apenas que ele sempre cumpria suas missões, não importava o quanto arriscado ou difícil fossem, Max sempre volta com a missão cumprida...

     - Se não é o nosso menino de ouro? Disse um dos homens retirando o capuz, Max sabia bem quem era, era um dos empresários mais importantes de Nova York, dono de dezenas de lojas de conveniência em todo território Americano, ele caminhou até Max e apertou-lhe a mão com seu cumprimento secreto, era uma mania, pois fora daquele circulo poucos sabiam da existência de tal culto... – Bebe algo meu amigo?

     - Não bebo estou estudando meu alvo, ele está em evidência no momento, será um ótimo desafio. Max se permitiu sorrir, afinal eliminar alguém daquele nível elevaria ainda mais sua fama em meio aos seus irmãos de Ordem, os cânticos pararam e todos vieram falar com Max, ele se sentia bem em ter tanta atenção, era um homem vaidoso, por isso não se importou em receber tanta atenção... – Vocês têm mais dados sobre meu alvo?

     Um envelope foi passado para ele, observou a foto e leu algumas informações sobre sua vitima, não que ele se importasse era apenas mais uma bala para ele, porém o que ele deveria subtrair após a morte do alvo era algo que lhe arrepiava os pelos, quem controlasse aquele poder, poderia facilmente fazer o Ocidente se curvar, a Lança do Destino era um artefato de grande poder, capaz de canalizar a fé de todos os servos de Christus do mundo... Ele saiu depois que a noite caiu, sabendo que não poderia errar, era o maior momento de sua vida e nada poderia deter a mão daquele homem. Ele era o escolhido para trazer a maior honraria a sua Ordem e nem os Deuses, nem os Demônios o impediriam de terminar sua missão...

     Fui acordado com alguém batendo na porta, olhei pelo olho mágico e fiz um casal bem vestido com o distintivo na mão, eram os agentes do FBI que estavam ali para me proteger, abri a porta e eles entraram olharam todo o lugar em silêncio, procurando rastro dos invasores ou escutas, eu sabia que aquilo não daria em nada, mas resolvi ficar quieto, depois de mais de uma hora de buscas, com diversas vezes eles me mandando ficar quieto, eles pareceram satisfeitos... O homem se voltou para mim sorrindo, era apenas um rapaz com pouco mais de vinte e cinco anos, olhos castanhos cabelo um pouco grande para os padrões do FBI, pele branca, parecia uma boa pessoa...

     - Ola, sou o Agente Jason Smith e esta aqui e minha parceira Lena White, fomos destacados para fazermos sua proteção, amanhã haverá uma entrevista coletiva na prefeitura, onde o senhor falará sobre o ataque aos seu amigo e sobre o fato de que não cederemos a ameaças de seja lá que for... Fiquei ali olhando o Agente Smith e pensando que daqui a pouco ele me daria o meu discurso e tudo mais, olhei para a Agente White, ela não havia dito uma única palavra estava ali me observando, era extremamente bonita, pele morena provavelmente descendente de latinos, um corpo escultural, cabelos negros compridos, e um olhar penetrante, mas não tinha tempo para aqui, precisava pensar em como não acabar matando estes dois jovens que pensavam que poderiam me proteger... Tentei dizer que não iria, mas o prefeito havia deixado a noticia vazar e nada mais poderia ser feito, e lá estava eu em frente a uma multidão de rostos estranhos, eu sabia qualquer um ali poderia ser inimigo em potencial, o Prefeito começou a fazer seu discurso e algo me mandou saltar para a direita, ao fazer isso ouvi um estampido e algo molhado caiu sobre meu rosto... Uma gritaria começou e quando me levantei pude ver o Prefeito morto com a face destruída por um tiro, os Agentes me tiraram do palco, e me levaram para a sede do FBI, eu estava em choque não podia imaginar isso, aquela bala era para mim, e algo me dizia que não era ação de um demônio, era muito suja e estranha, pelo visto não era o único que pretendia manter a lança fora do alcance dos celestiais e infernais, isso estava ficando a cada segundo pior...

     Minha opinião e protestos foram ignorados, fui jogado num carro que disparou para a Sede do FBI, onde me trancaram em uma sala por horas, muitas perguntas e nem uma certeza, eu cont5ei para eles a verdade e riram de mim, alegaram que eu estava sobre grande estresse e que nada do que eu dizia era real, pelo amor de Demiurgo eles não sabiam que eu causaria mais mortes que Helena causou em Tróia, eu poderia causar o Apocalipse, mas resolvi que não poderia causar tanto mal assim afinal Demiurgo está sempre comigo, caminhei ao ginásio do FBI, precisava me exercitar e como sou mestre em Muay Thai era hora de socar alguma coisa, treinei por horas sem o menor problema, já era noite quando senti um cheiro podre tomar o ambiente e sombras se esgueirarem me virei para olhar o local e nada aconteceu, um dos agentes foi me informar que eu seria mandado para outro lugar, fui tomar uma banho em alguns momentos estaria fora dali e eles não seriam feridos como o Prefeito havia sido, foi quando o vi, uma demônio tinha o pele queimada, era desprovido de olhos e tinha um sorriso medonho...

     - Nossa não é que você existe mesmo! O portador da Lança, o guardião do artefato. Ele caminhou em minha direção, em sua cintura havia uma Katana, de cabo e bainha de ossos, pude sentir o cheiro fétido de seu hálito, porém assim como Lúcifer ele não tocou em mim, ficou me mirando com o buraco onde deveria estar os olhos. – Me entregue a Lança ou terei de matar cada ser vivo neste prédio.

     Meu corpo de repente ficou frio e eu puder ver mais demônios surgindo de diversos lugares, era uma Legião, pronta para matar e torturar aquelas pessoas inocentes, novamente eu era um arauto da morte, isso não parecia certo, neste momento um Agente entrou, todos olhamos na direção dele, pude ver o espanto nos olhos dele, que sacou a arma e começou a atirar, porém as balas nada faziam com os demônios, senão irritá-los. Eles se lançaram sobre ele, partes do corpo dele eram arrancadas enquanto ele ainda estava vivo, os gritos dele eram horrendos, corri sabia que pouco podia fazer para ajudá-lo, mas eu tentei, porém ele estava morto quando consegui chegar ate ele, sai do ginásio, diversos Agentes estavam vindo em minha direção e eu fiquei na frente da porta tentando impedi-los de entrar naquele que de certo seria o último local que colocariam os olhos, mas eles passaram em viram os demônios, muitos enlouqueceram e atiraram sem fazer mira, foram mortos em minutos, o Agente Smith e a Agente White me tiraram de lá, o mais rápidos possível, entramos em um carro, e percorremos muitos quilômetros até que o Agente Smith parou em uma Igreja Protestante e me levou lá para dentro...

     - O que está acontecendo? O que eles querem de você? O Agente parecia estar à beira de perder o controle, seus olhos estavam injetados, um misto de dor e tristeza que eu nunca vou esquecer...

     - O que acha que eram? Eram servos do Inimigo, soldados do inferno, eles queriam a Lança do Destino, porém não posso entregar uma relíquia desta nas mãos do Demônio pode abalar o mundo inteiro, eu tenho que ficar sozinho, vocês não devem ficar perto de mim, eles me descobriram onde quer que eu esteja... As lágrimas desciam fartas pelo meu rosto, eu sabia que Lúcifer não desistiria tão fácil da Lança e eu não sabia quantas mortes ainda poderia suportar em minha consciência, olhei a igreja calmamente como um turista em visita, observei a cruz no alto do púlpito e esfreguei as mãos no rosto, tentei me levantar, mas o Agente não me permitiu.

     - Aqueles homens morreram para te defender, te deixar sozinho agora não fará diferença alguma. Disse a Agente White, que também chorava.

     Ali ficamos por muito tempo, apenas rezando pelos mortos e por nós mesmos, era incrivelmente louco como minha vida havia mudado em pouco tempo, eu era apenas um humilde professor, agora sustentava um objeto que nem fazia idéia de seu real poder...

     Um vento forte abriu a porta dupla e lá fora os demônios riam e esperavam que saíssemos, estávamos encurralados como ratos, apenas a fé imbuída ao lugar nos mantinha salvo, eles começaram a possuir as pessoas que passavam na rua e isso me levou ao desespero, tentei correr para porta, mas o Agente Jason estava no meu caminho, me ajoelhei e comecei a rezar era tudo que podia fazer naquele momento, de repente fui tomado por uma imensa calma e meu corpo começou a brilhar e a luz foi se expandindo, tomou a igreja e depois partiu para rua, era como se uma redoma crescesse a partir de mim, cada alma tocada repeli o mal que se apossava dela, os demônios foram recuando para sombras até que desapareceram deixando o caminho livre para nós, os Agentes me olharam com grande espanto, eu também estava surpreso com aquilo...

     - Vamos sair daqui, podemos ficar na minha casa até descobrimos uma maneira de lutar contra esses malditos, Jason pegue o carro, eu vou com o Senhor Todd para o fundo da igreja... Disse a Agente White me puxando para os fundos da Igreja, enquanto o Agente Smith ia buscar o carro, ao chegarmos à rua atrás da Igreja vimos alguns demônios atacando uma linda jovem, saquei da Lança e me lancei sobre ele, bastou um único toque para que ele queimasse, juro adorei o poder de destruição que ela tinha contra os demônios, me levantei, a Agente White colocou a menina atrás dela, e ali estava eu de frente a mais de meia dúzia de seres infernais, cada passo que eu dava eles recuavam, então parti para o ataque, quando dei por mim estava sendo arrastado para o carro pela jovem que tínhamos salvado...

     - Quem é este ai? Perguntou o Agente quando empurrei a garota para o banco traseiro do carro...

     - Sou Micaela Jones, e que diabos aqueles demônios faziam aqui? Ela tinha uma inocência no olhar, era ruiva, um belo corpo, altura mediana, mas algo que dizia que ela traria problemas, o carro percorreu a cidade até chegar à casa da Agente, era um lugar simples, mas bonito, entramos e começamos a conversar sobre tudo que estava acontecendo, arrumei um coldre e prendi a Lança, para mim aquilo era quase um sacrilégio, mas precisava ter acesso fácil a ela...

     Precisávamos dormir, eu fui para um quarto e comecei a rezar, senti uma presença no quarto e lá estava ele novamente Lúcifer, não me assustei com a presença dele, continuei meu clamor a Demiurgo, ele se sentou e esperou pacientemente eu terminar...

     - Ola! Vejo que decidiu colocar cada um dentro desta casa em perigo, e agora você sabe que eu não sou o único a querer a Lança, cada ordem mística, cada fanático religioso quer essa arma e você está entre nós e o nosso desejo, esta jovem que você salvou, acha mesmo que ela é uma aliada enviada pelo criador? Não é não, ela é uma bruxa que vai mentir manipular e corromper quem puder para ter o que deseja e o mais engraçado é que você não poderá provar nada! Será a sua palavra contra a dela, e ela é tão inocente né? Lúcifer realmente se divertia com aquela situação e eu o detestava cada vez mais, ele caminhou pelo quarto olhando os objetos, sem tocar diretamente em nada, parou na minha frente e me olhou de maneira seria. – Você sabe que não precisa passar por isso e nem ver tantas pessoas morrerem, como vão viver as famílias dos agentes que morreram tentando te salvar? Quantos ainda terão de morrer para que você para de lutar e me entregue a Lança?

     Lúcifer desaparecem depois de ter plantado a sombra da duvida em minha alma, voltei a rezar e pedir forças, e adormeci, quando acordei era quase meio dia, sai da cama tomei meu banho, podia ver os demônios do lado de fora da casa, via alguns anjos envolta da casa, quando olhei para o espelho vi Micaela sentada na cama me olhando, podia jurar que tinha visto uma aura rubra ao redor dela...

     - Então você, está mesmo com a Lança que matou Christus? Posso ver? Ela falava com uma naturalidade sobrenatural, quase me lembrou a eloqüência de Lúcifer, havia poder naquelas palavras eu podia sentir em minha alma, parecia que a Lança estava me dando alguns dons, caminhei e resolvi tentar uma coisa que às vezes conseguia fazer.

     - O que você deseja de verdade aqui? Pude sentir virtude saindo de mim ao dizer tais palavras, como se quem ouvisse fosse obrigado a dizer a verdade...

     - Eu vim roubar a Lança e te matar... O rosto de Micaela demonstrou o espanto em ouvir a verdade saindo de sua boca, ela levou a mão aos lábios e sorriu, ela realmente não parecia se importar em me dizer a verdade. – Não sabia que também era um iniciado, mas não me importo, nunca acreditaram em você mesmo, ninguém consegui duvidar do que digo e um dom muito útil quando se é uma feiticeira...

     Eu fiquei paralisado com a demonstração de poder dela, ela não sentia medo ou qualquer coisa parecida, ela enfiou a mão em uma dos bolsos de sua roupa, retirando um potinho, dele derramou um pouco de tinta preta e lançou no ar, o ambiente inteiro ficou escuro e eu não podia ver nada na minha frente, caminhei de volta para o banheiro, que também estava escuro, mas ainda podia chegar à janela, pela qual eu queria sair, porém antes que eu pudesse sair, vi chamas vindo na minha direção, saquei a Lança e a coloquei na minha frente e uma espécie de escudo se formou detendo as chamas e a escuridão gritei por ajuda e os Agentes logo estavam no quarto, toda a escuridão havia sumido e Micaela estava parada lançando chamas sobre mim, o Agente Smith a golpeou na nuca e ela desmaiou, eu achei fácil demais, porém não fiz nenhum comentário, eles a amarraram, e ficamos ali esperando ela acordar, eu contei o que tinha ocorrido, falei da visita de Lúcifer, do que ele tinha me dito, do que Micaela havia me falado do ataque dela, depois de algum tempo ela acordou as lágrimas, perguntando por que estava presa, alegando no se lembrar de nada...

     - Você está mentindo! Fale a verdade para eles... Eu estava realmente irritado com tudo aqui, não acreditava que ela pudesse mentir tão descaradamente, porém minhas palavras só aumentaram o choro, todos me olharam como se eu estivesse possuído, eles acreditavam nela, como era possível que ninguém visse que era tudo uma grande mentira, no final acabaram colocando a culpa nos demônios e alegando que Lúcifer estava tentando nos separar, pois havia um motivo para estarmos juntos, odiei quando Micaela me olhou com ar de vitória, porém não havia nada muito que eu pudesse fazer, deveria ficar de olho em Micaela e tentar fazer as pessoas verem a verdade sobre ela, sabia que seria difícil, eu não entendi nada de magia e ela parecia ser bem poderosa, resolvi ignorar por hora este problema, afinal não poderia resolvê-lo agora, juntei o máximo de símbolos religiosos que pude eu rezei sobre eles, queria colocar fé em cada objeto naquele momento talvez impedisse os demônios de entrarem, mesmo que isso não se aplicasse a Lúcifer que parecia ser mais forte que tudo que conhecia, eu sabia que enquanto estivesse ali, os demônios ameaçariam cada um de meus companheiros e eu não queria que eles morressem, era tarde quando eu dei por mim, fomos jantar, conversamos amenidades ficamos conhecendo uma pouco mais da vida uns dos outros, precisávamos ter confiança no grupo ou não sobreviveríamos, mesmo Micaela parecia mais a vontade entre nós, assistimos televisão e bebemos umas cervejas, não havia mal nisso, foi quando o telefone tocou a Agente White atendeu e sua expressão mudou radicalmente, lágrimas surgiram em sua face, ficamos sabendo que sua mãe havia tido um infarto e que tinha morrido, não era coincidência era o mal novamente agindo sobre as nossas vidas, minando nossa fé, partimos para o hospital, e fizemos tudo que era necessário para o enterro.

     - Agente White, isso é minha culpa, peço que me perdoe. Disse a ela, não sabia o que dizer, ela me olhou e me abraçou chorando, não havia ódio por mim, havia apenas dor pela perda da mãe, o que me fazia me sentir ainda pior...

     - Não é sua culpa, e pode me chamar de Lena, precisamos resolver isso o mais rápido possível, temos de descobrir o que fazer com esta Lança... Lena parecia muito mais forte do que eu imaginava, ela ligou para os parentes e assim se passou mais uma noite, ao amanhecer Jason já tinha ido buscar roupas para o enterro, dentro do hospital eu podia ver anjos e demônios trabalhando, levando as almas para seu descanso merecido, seja no Céu ou no Inferno, eles não pareciam se importar comigo, no máximo me olhavam, alguns me olhavam outros apenas me ignoravam, caminhei perdido pelo hospital, até acabar em um quarto onde um velho estava sentado sozinho, ele me viu e sorriu...

     - Você é um anjo meu filho? A pergunta do senhor me pegou de surpresa, ele tinha um forte sotaque da quem vivia em Nova Orleans, eu olhei para o chão, envergonhado por ter causado tanta dor as pessoas que tentavam me ajudar. – Você brilha e cheira como um deles, mas não consigo ver suas asas, você deve ter vindo me buscar, já to pronto...

     - Não sou um anjo senhor, tudo que tenho feito e colocar meus amigos em perigo, Demiurgo quer algo de mim, mas não sei como fazer. Minhas palavras eram sinceras e repletas de tristeza, o senhor de pele negra e enrugada segurou minha mão e novamente sorriu para mim, eu podia sentir a paz e a caridade vindo dele.

     -Não sei quem é Demiurgo, mas tudo nesta vida tem uma razão e apenas Deus saber, e na hora certa você vai descobrir e vai rir por nunca ter pensado nisso... Disse o velho, caminhei de volta para onde Lena, Jason e Micaela estavam, e me sentei esperando à hora de sairmos dali rumo ao cemitério, fomos em silêncio, ninguém tinha clima para conversar, o enterro ocorreu como era esperado, então bem no final, uma imensa tempestade caiu sobre nós, eu senti em meus ossos que aquilo não era natural, havia algo muito ruim na tempestade, raios começaram a cair, nas árvores próximas, foi um pandemônio, numa colina próxima estava à causa de tudo isso, um homem coberto por um sobretudo vermelho, um assassino pronto para matar todos ali para cumprir sua missão e eu estava começando a me irritar com ser sempre o alvo... Talvez fosse hora de deixar de ser a vitima e ser o caçador, não o caçado, corri na direção dele, pude ver que era um homem forte e que parecia ter gostado do fato de ter me afastado do restante do grupo...

     - Sabia que você estaria no enterro da mãe de sua protetora, isso facilita muito meu trabalho... Ao gritar isso em meio à tempestade, ele sacou uma arma e disparou contra mim, novamente antecipei a ação dele graças a Lança, continuei avançando, mesmo na chuva e com o assassino atirando contra mim, saquei a Lança e os olhos dele brilharam ao vê-la, era mais um atrás dela e eu não deixaria que levasse, surgiram em suas mãos um par de sabres, que tinham as lâminas tinha um brilho esverdeado, e eu soube que não seria uma luta fácil, mas continuei correndo até estar no campo de ataque dele, não levou nem um segundo até que ele me atacasse, defendi o primeiro ataque que veio na direção de minha mão, porém com a rapidez de uma serpente ele atacou com o segundo saber fazendo um corte superficial em meu braço esquerdo, imediatamente, meu braço ficou dormente, Áquila lâmina estava envenenada, e eu tinha caído direitinho no plano do meu assassino, houve um segundo corte em minha perna direita, eu mal me sustentava em pé, foi quando escutei um estampido e vi o assassino desaparecer em meio a um fogo verde... Olhei sobre o ombro e vi Lena com a arma ainda riste, depois disso tudo escureceu e eu desmaiei. Quando acordei estava na casa de Lena, deitado, ela estava ao meu lado e sorriu para mim...

     - Quanto tempo fiquei dormindo? Minha cabeça estava pesada e meu corpo dolorido.

     - Uns três dias, Micaela salvou sua vida com a magia dela, ela não é tão má quanto você disse, deveria se desculpar com ela... Disse Lena afagando minha cabeça, olhei para ela, nunca tinha visto tanta ternura, me contive, olhei meu corpo, eu estava curado, odiei a idéia de dever um favor a Micaela, mas não podia reclamar precisávamos descobrir uma maneira de nos salvarmos e nada parecia funcionar...

     - Precisamos resolver o que faremos e para onde levaremos a Lança, a cada segundo mais gente parece querer esta Lança... Me levantei e caminhei pelo quarto, foi quando ouvi um gritar de espanto vindo de Lena, me virei e vi um demônio com uma espada na garganta dela. – Solte-a maldito ou eu juro que destruo você!

     O demônio sorriu e pressionou a lâmina fazendo escorrer um filete de sangue do pescoço de Lena, o meu coração quase parou, Lena se debatia o que não ajudava muita a minimizar o ferimento, então a janela do quarto explodiu e um homem de chapéu e terno entrou por ela, eu me joguei para longe do que era a janela, ele sorriu para mim e piscou o olho, quem era este cara? E por que ele agia como se fossemos amigos?

     - Vejam o que temos aqui? Um demônio patético usando uma bela jovem como refém, se não solta-la agora eu vou estouras sua cabeça demônio maldito... Havia confiança na sua voz, mas eu não achei que ele pudesse fazer isso, na verdade não sabia nem quem ele era e nem o que poderia fazer.

     - Vamos mortal atire e veremos se você tem a mira que ouvi falar, vamos humano use sua arma que mata a minha raça. Disse o demônio, aquela conversa estava ficando cada segundo mais sem sentido, eu saquei a Lança mais sabia que não era rápido o bastante, o homem casou uma arma negra e atirou... E errou, a bala entrou no ombro de Lena que caiu, ele atirou novamente, desta vez matando o demônio, corri para socorrer Lena, mas não fazia idéia de como fazer isso, ele me empurrou e pegou ela no colo.

     - Eu sei quem pode salva-la, posso levá-la voando que será bem mais rápido que de carro. Antes que eu pudesse responder, o homem saiu voando, corri para sala e apanhei a chave do carro, e Jason e Micaela me seguiram, corri para dentro do carro seguindo o maldito homem, eu o persegui por várias quadras, até ele pousar em um prédio praticamente abandonado, subi correndo e vi.

    Ela estava deitada no chão e um homem estava sobre ela, de suas mãos saiam uma luz dourada, eu pude ver a bala sair sozinha do corpo dela e o ferimento se fechar, meus olhos não podiam acreditar no que eu estava vendo, foi quando sentir a Lança aquecer junto a minha pele, as sombras entraram nos moradores de rua e seus olhos ficaram negros, de um negro opaco, sem vida...

     - Mantenham eles longe de nós para que eu possa acabar de ajudar sua amiga, não posso parar neste ponto. Disse o mago mendigo, enquanto continuava a curar Lena nos posicionamos ao redor deles, Jason sacou sua arma ao mesmo tempo de o cara de chapéu. – Sem armas, eles não são culpados por nada Carlos...

     Ambos guardaram suas armas e cerraram os punhos, estava na hora de movimentar um pouco nossos corpos feridos e cansados, socos, chutes e cabeçadas, muito sangue até que não restasse uma único medingo em pé, Lena estava inconsciente, mas bem estávamos saindo do prédio, eu carregava ela quando meu celular tocou, coloquei-a no carro e atendi.

     - Ola? Confesso que atendi ao telefone com certo medo e eu estava certo em ter medo, era Marcus meu melhor amigo me dizendo que eu deveria ir as Torres Gêmeas, meu afilhado Bruce, havia sido seqüestrado e os sequetradores queriam a Lança, juro que não estava surpresa com o que queriam como resgate, e lá fomos nós para as Torres Gêmeas, eu sempre adorei a vista lá de cima, haviam diversos agente federais ali, em telefones, com computadores, parecia que toda uma divisão do FBI estava ali, não era para menos Bruce Grace era o herdeiro da Grace Company, a maior empresa de informática do mundo, era no mínimo estranho me ver chegar ali, com apenas dois se agentes, ninguém tentou me deter provavelmente sabiam de minha chegada.  Fui direto até Marcus – Me explica o que aconteceu com o Bruce!

     - Não sei bem o que aconteceu, eu estava aqui no escritório, quando a Mary me ligou, dizendo que todos os seguranças estavam em pedaços e Bruce havia sumido, quando ela desligou o seqüestrador ligou, ele queria a Lança que você achou ou vai matar o Bruce, você tem... As palavras morreram na garganta de Marcus, ele sabia que serio muito difícil entregar o item para os seqüestradores, e ele nem fazia idéia que eram demônios, aqui ia de mal a pior em uma velocidade incrível, ficamos lá por muitas horas já havia amanhecido há muito tempo quando resolvi sair dali e voltar para casa de Lena.

     Ao chegar do lado de fora, vi Bruce correndo em minha direção era um milagre, porém parei e comecei a rezar, poderia haver um demônio no corpo do menino, mas nada aconteceu, de repente fomos surpreendidos com um grande barulho no céu, ao olhar vimos uma cena incrível, um avião voando muito baixo, o que aconteceu depois, será uma cena inesquecível, o avião se chocou contra o prédio, fiquei paralisado de horror, quem poderia ter feito aquilo? Por que Lúcifer faria aquilo? Olhei ao redor e percebi que até os demônios no local estavam admirados, aquilo era obra de seres humanos, se é que podemos chamar um ser deste ripo de humanos, bombeiros e policiais chegavam ao local quando dei por mim, Bruce estava sentado chorando, e outro avião atingiu os prédios, tudo começou a vir a baixo, destroços, pedras, tudo despencava em uma grande velocidade, corri para impedir que um pedaço do prédio caísse em cima dele, consegui salva-lo mais foi atingido no ombro, mesmo entre tanta poeira conseguimos sair vivos dali, o que não posso dizer de centenas de pessoas que morreram ali, centenas de vidas ceifadas por que um louco achou que tinha o direito de demonstrar seu poder sobre uma nação que considerava inimiga, loucura e morte seguem este tipo de gente, fui ao hospital, meu ombro estava quebrado, fui medicado e voltamos para casa de Lena, a cidade parecia se incendiar, eu estava na varanda quando vi Gabriel, ele caminhar de maneira triste pelo quintal, desce e fui falar com ele.

     - Como pode deixar que isso acontecesse? Você deveria ter impedido, tentas pessoas morreram... As lágrimas desciam pelo meu rosto e eu me sentia péssimo, ele me olhou havia lágrimas em seus olhos também, então ele caiu de joelhos como se sentisse o peso do mundo em suas costas.

     - Livre arbítrio, os seres humanos podem fazer tantas coisas, mas insistem em odiar e destruir sua própria espécie, ninguém imagina que fossem fazer isso, porém eles fizeram. Gabriel soluçava entre as lágrimas, parecia tão frágil e ferido, ele olhou para cidade me segurou no colo e correu na direção dela alçando voou, voar era uma experiência maravilhosa, a cidade ardia e eu observava, descemos em um beco e Gabriel apontou para uma Mesquita, ela estava cercada, centenas de pessoas com paus e pedras, destruindo e atacando que tentava sair, corri para lá e fiquei entre os agressores e os agredidos.

     - O que pensam que estão fazendo? Por que estão ferindo estas pessoas? Perguntei mesmos sabendo a resposta, eles estavam com muito medo e feridos e queriam descontar sua dor em qualquer um que fosse diferente.

     - Não queremos estes terroristas aqui em nossa cidade! Disse um homem que portava um taco pregos nele, ele parecia com tanto medo e raiva que me assustei.

     - E como podem provar que eles são terroristas? Eles são Americanos como nós e não são assassinos como vocês dizem! Isso não nos fará melhor do que aqueles que nos atacaram, perdemos tantos hoje, eu perdi meu melhor amigo, sua esposa e só não perdi meu afilhado por que ele não havia entrado no prédio e nem por isso estou atacando esta gente, olhem para eles! São tão vitimas quanto nós... Duvido se muito deles também não perderam parentes e só estamos piorando tudo, eu... Minhas palavras foram morrendo e eu comecei a chorar toda dor e tristeza está muita mais viva que eu poderia imaginar, as pessoas me olhavam alguém gritou que eu também deveria ser um terrorista e uma pedra me atingiu eu cai, alguns me chutaram e me atiraram pedras, então um grupo se jogou sobre mim para me proteger, eram Cristãos, Islamitas, juntos me defendo, mesmo com bastante dor, pude sorrir e me unir a eles, ficamos ali parados de mãos dados fazendo nossas preces, o povo mais exaltado foi se dissipando, indo para suas casas, para suas famílias, Gabriel observava tudo a distância com um sorriso nos lábios, parece que ele tinha restaurado sua fé nos humanos.



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